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Música colombiana além de Shakira, por CJ

Meu amigo querido CJ -que é uma de minhas muitas sortes na vida- criou essa playlist de música colombiana especialmente pro blog, com a ideia de sair do estereótipo Shakira mas sem excluir Shakira. Difícil deixar esse ícone-rolex-ferrari-fbi da geleia de fora. Deusa.

Playlist para bailar, se divertir, ser romântico, exercitar a sofrência. Tudo junto. Tem música que foi regravada por RBD (não sei se ele sabe, mas sei que vocês vão sacar). Espero que gostem tanto de ouvir quanto eu.


A ilustração na capa é da artista colombiana Isabel Gomez Machado (@isabelgomezmachado), chamada "Casa".

Decolonialidade

Gostei muito desse vídeo do Gaia Foundation com o African Earth Jurisprudence Collective sobre a jornada de Mashudu, uma mulher negra sul africana que consegue escapar da ótica colonizadora e se reconectar com sua cultura local (Povo VhaVenda). Sobretudo, Mashudu passa a criar pontes entre os sábios idosos da comunidade e os jovens locais para que possam inspirar a sabedoria ancestral, a cultura, a auto confiança e o orgulho dos povos originários da África do Sul, e transmitir seus valores e práticas para as novas gerações. Didático, real e legal de assistir.


Gaia Foundation faz um trabalho incrível, mais informações aqui: https://gaiafoundation.org/rhythm-of-reconnection/

Tem Gosto de Trufa?

Foi o que perguntei no smart shop aqui em Amsterdam no momento em que comprávamos os cogumelos, fazendo o atendente rir da minha cara. Uma amiga muito querida passou pela cidade sexta feira e já de última hora, depois de jantarmos juntos, eu, ela e Dani, tivemos a ideia. Eu não queria, tinha medo -de ter alucinações, perder o controle, passar mal, vomitar, etc. Dani queria muito há um tempo. Essa amiga já havia experimentado antes e gostado.

Na loja havia um cardápio de 1 a 5 variando conforme a intensidade da experiência procurada. Compramos o número 1 para mim e o número 3 para eles. As embalagens são realmente bem feitas, como notaram meus amigos pra quem mandei fotos. Comi só a metade da minha dose e até uns 40 minutos depois, já no parque, não estava sentindo nada. Eis que de repente, em um estalo, minha amiga começou a destoar da paisagem no meu campo de visão, em uma resolução 4K, uma fotografia dreamy muito bem editada, e em movimento.

Senti medo de novo, medo de como eu me sentiria, como meu corpo processaria aquele fungo, mas sobretudo medo de morrer fazendo alguma coisa "errada", que desapontasse as pessoas que se importam comigo. Depois percebi que não ia morrer, mas que morrer parece solitário, e me entreguei às sensações que chegavam até mim.

Era gostoso ver o céu em um roxo brilhante e em movimento, a grama funda e cintilante, parecendo uma capa de CD. Olhar pro lado e ver a Sabrina tão tranquila e feliz, o Dani todo deslumbrado e tagarela. Vontade de rir e de abraçá-los, pensando no enorme amor que sinto pelos dois, ao som de Palace.

Era bom só existir deitada no parque, respirar enquanto admirava a paisagem, completamente presente naquele momento. Na volta pra casa senti saudades dos meus pais. Quando relembro a experiência como um todo, penso em "Lucy in the Sky with Diamonds" dos Beatles. Muito clichê?

"Picture yourself in a boat on a river;
With tangerine trees and marmalade skies;
Somebody calls you, you answer quite slowly;
A girl with kaleidoscope eyes....
Cellophane flowers of yellow and green";

e de uma foto que tirei no final de 2019 no Flower Dome de Cingapura:

Comer cogumelo foi para mim o contrário de assustador. Mas que bom que comi só metade da dose mais fraca do cardápio. Gosto da minha prudência. Talvez essa seja a dica para os assustados como eu. Definitivamente não é algo para fazer todo dia, mas fica a memória de um sonho bom compartilhado com algumas das pessoas que mais amo e confio no mundo. E vocês, já provaram ou gostariam de provar?

Mandem os comentários para: deveseraquiblog@gmail.com ou no post do Instagram

Amélia é muito arte - Deve Ser Entrevista

Conheci Amélia (@naoeharte) através do vídeo do macarrão da Dilma -"Aí o que você faz? Bota pimenta do reino, aquela tiktiktik!"-, e desde então acompanho as receitas todas, a saga do café moído e recentemente comecei a ouvir Varanda, banda da qual é vocalista. Depois rolei mais pra baixo nesse feed e descobri que ela também pinta, desenha e faz colagem. Sim, artista multidisciplinar. O fato é que além de carismática e criativa, Amélia é talentosa, sensível e profunda.

Já dá pra ver que sou fã e que fiquei absurdamente feliz quando ela topou dar uma entrevista para esse site (!!!!). Eu abri o olhão aqui quando vi a mensagem e fui direto contar pro Dani.

Deve Ser Aqui: Conta pra gente sobre você. Quantos anos, onde mora, um pouquinho da sua trajetória.
Amélia: tenho vinte e três anos de vida e nasci no sol de Libra na cidade de Ubá, MG, interiorzim, apesar disso passei a maior parte da vida, até agora, em Caratinga, MG – cidade do Ziraldo, só que agora habito nem uma nem outra, e sim Juiz de Fora, MG – sou bairrista, sigo em Minas. O que eu gosto de fazer eu mostro lá naquele perfil instagrammer que vos falo – música, arte, poesia, e comida. ❤️

Deve Ser Aqui: Adoro a sua cozinha!!! Tem muita alma, organização e autenticidade no jeito que decorou. Você mora sozinha? Como foi esse processo de escolhas e decoração?
Amélia: esse é um dos elogios que eu mais gosto de receber, sabia? a dedicação da persona-designer-de-interiores reconhecida! Moro com o meu irmão mais velho e atazano muito ele quando o assunto é decoração da casa, sou mandona… Quando fiquei inevitavelmente presa em casa no processo da quarentena, comecei a obcecar com os móveis, os lugares deles, a utilidade de tudo e a falta de beleza (que podia ser resolvida), os incômodos começaram a crescer porque eu tava sendo obrigada a olhar muito pra eles. lembro que li, naquele tempo, o conto "A marca na parede" da Virginia Woolf e me senti contemplada com a divagação sobre um detalhe fora do lugar ali, na existência física duma parede qualquer. Entrei num buraco-de-tatu de decorações no Youtube, fui pintando paredes e móveis, pendurando prateleiras, comprando mil coisinhas que fariam a diferença e não eram tão caras – foi tudo muito caótico e rápido, minha cozinha não se parecia em nada com o que ela é há uns 6 meses atrás. gosto muito dela.

Deve Ser Aqui: Ainda na cozinha, vi que algumas cerâmicas são bem artesanais, lindíssimas. Foi você quem fez?
Amélia: uhhh! não fui eu, apesar de amar e ser curiosíssima sobre essa prática ceramista. a maioria das minhas pecinhas me foram presenteadas, lá no início dos meus vídeozinhos, por uma amiga ceramista lá de Caratinga, a Isabella (@tibe.ceramica), queridona! Ela me deu mó força pra seguir produzindo – só pra poder olhar a boniteza que fica quando emprato numa cerâmica artesanal, hihi.

Deve Ser Aqui: Sua vida mudou depois do vídeo do macarrão da Dilma viralizar? Como você reagiu a tudo isso?
Amélia: haha! acho que mudar não mudou tanto, quer dizer, acaba que mudou sim, a forma com que eu via essa produção, a esperança de seguir fazendo essa videografia esquisitinha, enfim, me deu mais gás… acho lindo demais que a galera acompanha e curte as gracinhas, é uma das minhas grandes alegrias de hoje em dia essa conexão internauta.

Deve Ser Aqui: Como você enxerga o poder e impacto das mídias sociais em nossas vidas?
Amélia: ih, sei nem dizer… acho que a gente já virou ciborgue há tempos, o celularzin digitante é uma extensão dos dedos. no fim a gente só quer estar perto do máximo de pessoas maneiras possível (pelo menos é o meu caso). é o que há de mais poderoso, muitos perigos etc, piração… difícil discorrer, fico com a minha primeira frase.

Deve Ser Aqui: Vi que você criou um projeto sobre a Virginia Woolf usando técnicas de colagem (dá pra achar em #queridavirgula). Poderia explicar pra gente sua relação com Virginia e a história por trás da criação das obras e desse projeto?
Amélia: oia, falei logo de Virginia ali em cima, nota-se que é uma grande obsessão. impossível explicar o que a escrita dessa mulher faz, por onde ela se espalha, passei um bom tempo lendo só Virginia há uns dois anos atrás porque ela mexia demais comigo, chorava e chorava lendo qualquer linha sobre, sei lá, uma flor. ela descreve o sentimento por trás de muita coisa com precisão. descobri essas cartas de amor entre ela e a Vita Sackville-West e foi num momento de muita descoberta e saudade (novamente na reclusão pandemia, parece que tudo aconteceu na pandemia), conversaram demais comigo, comecei a tentar traduzir alguns trechos e colocar alguma informação visual ali, pra tentar entender também o meu próprio processo com o que elas diziam, a carência humana, muita coisa kkkk. Virginia foi importante demais, eu amo as colagens que saíram disso!

Deve Ser Aqui: Estou viciado no single "Gostei" da banda Varanda. Como os integrantes da banda se conheceram e quais as principais influências de vocês?
Amélia: ah! fico feliz! eu entrei na banda há pouco tempo, os meninos já se conheciam e tocavam juntos, entrei numa substituição de vocalistas lá em meados de setembro, meio no susto haha. desde então têm sido uma alegria, curto muito o som, a energia e a doação da música da Varanda, admiro os meus queridos amigos Mário, Bê e Augusto demais da conta! a gente se identifica muito com a música mineira, esse sentimento todo do Clube da Esquina, a psicodelia setentista também nos é muito cara… mas a gente se anima e se alimenta muito com o que tá rolando hoje em dia, com a galera aqui de JF (Legrand, Baapz, André Medeiros Lanches [da qual eu também faço parte hihi], Tata Chama & as Inflamáveis, Laura Jannuzzi) e a cena da música no geral, tem muita gente incrível que somos fãs: Laura Lavieri, Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, Pelados, Ana Frango Elétrico, Jadsa, Yma, Ava Rocha, Boogarins, Oruã, Gabriel Ventura, Maglore, Baleia. uma lista infinita que não conseguirei acabar.

Ping pong
Uma música: strange phenomena, da kate bush ⭐️
Uma série: atualmente só tenho olhos pra The Bear
Um filme: in the mood for love, que está fresco
Uma frase pra Amélia de 15 anos: calma lá coração, dê um rolê.

Favorito no MOCO

Em uma visita ao MOCO em Amsterdam, museu de arte moderna, contemporânea e de rua, uma obra digital me tocou muito durante um dia difícil. Posicionada na saída, pra te deixar pensando nela pro resto do dia, e estrategicamente depois de passar pelo gift shop do museu, a obra é uma colaboração interdisciplinar entre o artista visual Andrés Reisinger, o músico RAC e a poeta Arch Hades.

O nome da obra é Arcadia e busca narrar a crise existencial coletiva do século 21. Como ela ressoa em você? Você sente o vazio?

Arcadia from REISINGER on Vimeo.